Abraçada por Contagem, Nicolle Dominique Diniz Gomes, desde pequena, sempre esteve próxima aos campos artísticos, principalmente das artes visuais e cênicas. Contando com a ajuda de professoras, que acreditaram nas suas criações e a incentivaram a continuar, atualmente, Nicolle se tornou uma referência em sua arte.
“Meu trabalho, hoje, é fruto de um processo difícil por ter sido uma criança preta, que sofria racismo. Muitos não aceitavam minha cor, meus traços. E hoje meu trabalho é justamente voltado para esse viés, para as mulheres que, assim como eu, sofreram e ainda sofrem racismo. São pinturas voltadas para a busca de liberdade e protagonismo preto. Uma voz dada pela arte”, destacou a artista.
Nicolle está, atualmente, com a exposição “O Terceiro Olho”, no Parque Gentil Diniz. Nessa exposição, ela ilustra, com pinturas, o protagonismo da mulher negra. “Essa é a minha primeira exposição na cidade. Estou muito feliz, me sinto realizada por ter a oportunidade de mostrar o meu trabalho e o retorno disso não tem preço. Espero que o meu trabalho seja uma referência para outras mulheres negras”, afirmou.
Sobre o tema tratado, ela disse ser um “desejo me expressar sobre mulheres em busca de suas liberdades dentro da sociedade, assim como eu. Minha intenção é retratar essas mulheres de forma diferente, mesclando o real ao imaginário”.
Hoje além de pintar, Nicolle participa de um grupo teatral, chamado “Cena - Cursos Livres de Teatro”. Recentemente fizeram apresentações no Instituto Inclusão, no Bairro Pedra Azul, em Contagem, com a peça "O menino que virou história", voltado para o público infantil. “Temos planos de nos apresentarmos em escolas da cidade de Contagem”, contou.
“Cena - Cursos Livres de Teatro é um espaço de muita aprendizagem e descobrimentos. Em 2015 e 2017 participei do projeto Jovens Protagonistas que foi selecionado pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Contagem - FMIC. Durante esse tempo, nos apresentamos em várias escolas da cidade, o que pretendemos retomar. Tenho que agradecer a professora Leandra Pacífico, por me proporcionar momentos incríveis nos palcos”, lembrou.
Referências e inspirações
Nicolle é profundamente agradecida às suas professoras. Segundo ela, sempre teve excelentes profissionais ao seu lado, destacando duas: Giane, professora do ensino fundamental (2014), na Escola Municipal Glória Marques Diniz; e Jordana Ferreira, professora de adereço, no curso técnico em Figurino Cênico, Centro Interescolar de Cultura Arte Linguagens e Tecnologias – Cecalt, em 2019.
“Estas professoras, em momentos diferentes da minha vida, me ajudaram a enxergar as artes de forma diferente, como trabalho, para além de fonte de expressão. Sou grata e me inspiro no trabalho delas enquanto educadoras e, no caso da Jordana, também artista”, relatou.
Para o futuro, Nicolle informou que pretende se formar no curso de Licenciatura em Artes Visuais. “Quero seguir na docência, continuar expondo minhas obras, retratando a cultura negra e influenciando positivamente a luta por esse protagonismo na sociedade”, finalizou.