Rejane, Viviane, Márcia, Marlene, Wanda, Anísia e Adriana, mulheres com histórias e batalhas diferentes, mas que, em comum, carregam o desejo de presenciar a municipalização do Projeto Mulheres da Paz, para que outras possam ter a mesma oportunidade de capacitação que elas tiveram. Juntas, elas produziram uma carta entregue à secretária de Defesa Social, Paola Soares, e à subsecretária de Prevenção e Segurança, Fabiana Carvalho, na última quinta-feira (24/2). Na carta, elas agradecem a oportunidade de recebê-las e pedem ao governo que avalie a possibilidade de dar continuidade ao projeto.
Para a moradora e ex-participante do Mulheres da Paz, Rejane Santos Nascimento, o projeto foi uma oportunidade de conhecimento e experiências jamais vivenciadas. Ela acredita no potencial da capacitação e na conquista por meio da mobilização. “Sei que a implementação de uma política pública exige luta. Já participei de outros movimentos, como o Pró-Creche, e por esse motivo sei que não é fácil, mas é possível. Espero que possamos, num futuro breve, celebrar o Projeto Mulheres da Paz como uma política pública institucionalizada, efetiva, com garantia de direitos, que teve sua origem em um movimento iniciado por mulheres da região do Petrolândia”, destacou.
Outra ex-participante, a professora Adriana Rodrigues salientou que o projeto foi capaz de tirá-la de uma depressão. “Fui conhecendo aos poucos o projeto. Vi mulheres simples, com problemas, mas querendo lutar. Isso me motivou a caminhar com elas. Fui sendo empoderada e empurrada para lutar por melhorias para a minha região. Quando me vi, estava atuando no conselho, na saúde, falando de obras, segurança pública, direitos, acessibilidade, política pública. Daí vi que a depressão foi embora”, relembrou emocionada.
Além de Rejane e Adriana, uma por uma que estava presente no encontro relatou os benefícios gerados pelo programa, dentre eles, o fato de se redescobrirem enquanto agentes transformadoras da comunidade e enquanto mulheres que compreendem a sua potencialidade e capacidade.
A secretária de Defesa Social afirmou que vai encaminhar a demanda e trabalhar para que projetos na área da prevenção às violências ganhem cada vez mais notoriedade. “Ouvi-las me fez entender o quanto a união e o conhecimento podem quebrar barreiras, mudar circunstâncias, capacitar e organizar pessoas. Foi impactante pra mim dividir com vocês esse momento. Eu e minha equipe nos comprometemos a fazer o possível para que esse projeto possa ser municipalizado, pois trata-se de um desejo da própria comunidade, um desejo que pulsa, uma necessidade no jogo do ganha-ganha, no qual todo mundo ganha com a sua implementação”, assegurou Paola.
Presente, a subcomandante Anita de Carvalho, lembrou que as informações compartilhadas por meio do Projeto Mulheres da Paz subsidiaram ações preventivas, como por exemplo a pesquisa promovida pela Patrulha de Proteção à Mulher “Você se sente segura?”. "É uma pesquisa importante, com o objetivo de escutar mulheres, e a partir desta escuta, qualificar as ações. Portanto, a continuidade do projeto possibilitará efetivar as ações em parceria com a Guarda Civil e com quem vivencia os desafios e as possibilidades nos territórios”, avaliou.
Segundo a subsecretária de Prevenção e Segurança, Fabiana Carvalho, o Projeto Mulheres da Paz é um ativo importante para segurança pública municipal, já que os municípios têm um papel essencial na prevenção às violências, por estarem mais próximos à realidade das comunidades.
“A execução do projeto, junto a articulações intersetoriais, foi avaliado positivamente junto às participantes e pelas instituições. A perspectiva de institucionalização do projeto no município tem sido prioridade para a Subsecretaria de Prevenção e Segurança/Superintendência de Prevenção às Violências e Promoção de Territórios Seguros. A intenção é abarcar a experiência, redesenhando em uma perspectiva que contribua para que as mulheres sejam instrumentalizadas, e assim, conjuntamente com as políticas públicas, fomentem territórios seguros”, reiterou a subsecretária.
Mulheres da Paz
O Projeto Mulheres da Paz é vinculado à Secretaria Nacional de Segurança Pública-Senasp do Ministério da Justiça. Em Contagem, ele foi desenvolvido entre 2019 e 2021 em parceria com a Secretaria Municipal de Defesa Social.
Executado na Regional Petrolândia, o projeto teve o objetivo de capacitar mulheres líderes de comunidades, em temas como gênero e direitos da mulher, direitos humanos e cidadania, violências, fatores de risco e protetivos, para agirem como multiplicadoras, tendo como incumbência prevenir a violência contra as mulheres e os jovens, envolvidos na criminalidade e com drogas. Cerca de 40 mulheres participaram do projeto e concluíram a formação no final do ano passado.
