O conhecimento popular diz que todo dia é como a página em branco de um livro que serve para escrever uma nova história. E é isso que Contagem está fazendo na saúde e que pode ser visto e sentido pelos corredores do Hospital Municipal de Contagem, que recebeu na manhã desta terça-feira (21/9) a visita da prefeita, Marília Campos. Durante três horas ela passou em cada uma das 200 alas da unidade para ouvir e conversar com os servidores e usuários da unidade.
Essa foi a primeira visita da prefeita ao Hospital Municipal após a decretação da intervenção no dia 9 de junho deste ano. A medida foi uma espécie de ação cirúrgica tomada pelo governo para resolver problemas agudos que afetavam a qualidade dos serviços prestados e o trabalho dos servidores da unidade. Problemas que iam desde a falta de insumos, dívida com fornecedores, atraso nos salários dos servidores e outras irregularidades.
Mas, felizmente, esse passado sombrio de tantos problemas para quem trabalha ou para quem usa e precisa do HMC é uma história do passado. O novo momento do HMC pode ser sentido e traduzido na fala da médica reguladora, Carolina de Léo Duarte, que trabalha há 11 anos no hospital. “Eu acho que voltou o olhar com cuidado para o paciente e para o servidor. O fim da falta de insumos e do atraso dos pagamentos dos servidores mudou o ambiente aqui dentro”, comentou.
Desde agosto deste ano a unidade retomou as cirurgias eletivas que estavam suspensas em função da pandemia e das complicações geradas pelo antigo gestor, o Instituto de Gestão e Humanização – IGH. Após a intervenção e de forma integrada com a Secretaria Municipal de Saúde houve a recuperação dos fluxos do hospital e a busca ativa de pacientes que aguardavam cirurgias eletivas de diversas especialidades para marcação dos procedimentos.
Como não é uma unidade porta aberta, todos os pacientes que vão para o HMC são encaminhados pelas Unidades de Pronto Atendimento - UPAs, seja para a realização de cirurgias de emergência ou eletivas e/ou para a realização de exames mais complexos como tomografia, scan doppler, ressonância magnética, endoscopia, entre outros.
As transformações
Dos enfermeiros concursados há 11 anos, Giovani Antônio da Silveira Ramos e Priscilla Moises de Souza, que atuam no Centro de Politraumas da unidade, Marília ouviu que as expectativas são as melhores e que eles desejam que ela repita as gestões anteriores valorizando a saúde e seus profissionais. “A gente precisa de uma boa gestora como a senhora foi para nós nas gestões passadas. Após aquele tempo, a saúde veio sucateando”, desabafaram.
Em resposta, às diversas colocações dos servidores que desejam reajustes e melhores condições de trabalho, a prefeita afirmou que as mudanças vão acontecer. “Este ano temos a limitação da 173 - referindo-se à Lei Complementar de 2020 que proíbe o aumento de despesas com pessoal em todos os entes públicos durante a pandemia da Covid-19. Mas a partir do ano que vem a gente faz a nossa pauta de conversa, de avanço, de valorização do servidor, de concurso público para ter carreira, memória. Vocês podem aguardar e cobrar”, sinalizou a chefe do Poder Executivo Municipal.
A auxiliar administrativa, Adriana Aparecida de Matos Ferreira, concursada da Prefeitura, também afirma que desde a decretação da intervenção o hospital é outro. “Houve o retorno das cirurgias eletivas, o retorno dos equipamentos que estavam faltando ou em manutenção e também o fim da falta de insumos, sem os quais fica impossível fazer um atendimento digno e com qualidade ao usuário”, comentou comemorando.
Na área destinada aos pré e pós-operatório, a moradora do bairro Maracanã, Marlene Gonçalves, acompanha a cunhada, Arlete Moreira Barbosa, que fez a retirada do apêndice nesta segunda-feira (20/9). “Quero registrar que o atendimento aqui é muito bom. Os profissionais são muito bons, desde o pessoal que faz a faxina até o cirurgião. Estão todos de parabéns.” Após passar em revista a essa ala, Marília determinou que sejam adquiridas novas poltronas de acompanhantes, cadeiras de banho e demais equipamentos que precisam ser substituídos em razão do desgaste causado pelo tempo. “Ainda vamos chegar à cereja do bolo”, falou ela aos internados em convalescência na ala, referindo-se às mudanças em curso.
Sobre as reclamações de salários atrasados, a coordenadora do setor de contas médicas, Marilene Socorro, explicou pessoalmente à prefeita que não há salários atrasados de nenhum profissional da saúde em Contagem. “Os eventuais atrasos estão relacionados a não apresentação de documentos obrigatórios, para a liberação dos pagamentos, por esses profissionais”.
Hemodinâmica
Com a casa organizada, é tempo de pensar no futuro. E parte deste futuro passa pela implantação do projeto da Hemodinâmica, que é um procedimento menos invasivo para o estudo dos vasos cardíacos, cerebrais, intestinais, uterinos, que dá uma repercussão muito boa para todas as especialidades do hospital, tanto em diagnóstico quanto em tratamento. As técnicas utilizadas são minimamente invasivas e oferecem dados funcionais e anatômicos que permitem diagnosticar eventuais alterações cardíacas.
“Este seria um grande salto no hospital”, afirmou o cardiologista, Paulo César Fonseca Furtado, à prefeita, Marília Campos. “Há uma grande resistência de outras cidades. Ninguém quer que tenhamos. Quer que encaminhemos para lá. Mas eles não nos dão o suporte que a gente precisa. Quando pactuamos está tudo bem, na hora da urgência a gente não consegue encaminhar. A espera chega aos 20 dias”.
A diretora do HMC, Olívia Fernandes, lembrou que a unidade já tem o espaço e os equipamentos necessários, mas depende de um credenciamento do Estado para a implantação do serviço. A prefeita, Marília Campos, diante da importância do procedimento para o bom funcionamento do fluxo da demanda na cidade determinou que a diretora do HMC e o médico cardiologista à frente do projeto consolidem a proposta para que ela possa reivindicar esse avanço para a saúde da cidade em conversa com o Governo do Estado.
Ao final da visita em reunião com a equipe do hospital que a acompanhava, Marília afirmou que gostou muito do que viu. “Eu gostei muito do que senti aqui hoje. Primeiro, porque todo mundo fala que já fez diferença seja na limpeza, seja na humanização, seja na torneira que foi comprada para sanar um vazamento, seja na questão do insumo ou dos salários. Todos os pacientes pelos que passei, eu dei um bom dia. Perguntei se estavam bem tratados e eles responderam que sim. Peço a vocês que deem um acolhimento ao pessoal que vêm das UPAs para fazer exames aqui. Temos que acolher eles da melhor forma. Mas o mais importante estamos conseguindo, que é devolver credibilidade à gestão. Isso é fundamental para darmos o próximo passo. Reafirmo que gostei muito de ter vindo aqui, porque acho que visitando a gente compreende melhor, as vezes dá mais agilidade, estabelece alguns alertas, uma escuta, cria um canal”, disse.
A satisfação do resultado positivo de uma primeira etapa cumprida também é compartilhada pelo vice-prefeito, Ricardo Faria. “Antes da intervenção fizemos uma visita a todas as áreas do hospital. Naquele momento, conversamos e dialogamos com os servidores que relataram falta de insumos, atrasos em pagamentos, fornecedores sem pagamentos. Hoje percorremos estes mesmos locais aqui dentro. A gente percebe um clima organizacional melhor, renovando as esperanças, com o servidor tendo credibilidade na nossa gestão, confiam neste modelo da intervenção. Foi uma visita muito boa”, destacou.
O secretário municipal de saúde, Fabrício Simões, também afirmou que os avanços foram grandes e que eles vão continuar. “O trabalho da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Saúde, junto com a equipe da Intervenção tem sido um trabalho importante. Primeiro para gerar confiança em todos os trabalhadores que aqui estão. A gente vê a evolução do bloco cirúrgico, de vários setores do hospital. As cirurgias eletivas estão sendo retomadas, novos equipamentos, melhores resultados dos indicadores, atendimento e qualidade, conversas com a população que reconhece o que está sendo feito. A gente não está acomodado, vamos avançar cada dia mais”.
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