A Escola Municipal Eli Horta Costa realizou na noite da última terça-feira (30/3) debate virtual com a filósofa, professora universitária e escritora Márcia Tiburi, na primeira da série de dez lives mensais de formação para educadores e gestores que a escola vai realizar neste ano, em parceira com o Instituto Cultiva.
A prefeita Marília Campos também participou do encontro virtual transmitido pelo YouTube, que foi conduzido pela diretora da Escola, Glaucia Helena de Souza; pela vice Hérica, e pelo cientista político e presidente do Instituto Cultiva, Rudá Ricci.
As desigualdades e violências nas mais variadas formas enfrentadas pelas mulheres foram analisadas pela filósofa, tendo como pano de fundo para a discussão “Mulheres na pandemia: um debate sobre a violência intrafamiliar”.
Márcia Tiburi iniciou a conversa respondendo a uma indagação do cientista político Rudá Ricci sobre como desconstruir a desigualdade de gênero no contexto familiar. “Fico muito feliz com essa pergunta, porque ela coloca o sujeito do privilégio num lugar de desconstrução. As mulheres trabalham fora de casa, tanto quanto os homens e isso precisa ser tratado dentro de casa, com certeza. Só que não adianta tratar apenas dentro de casa, porque a questão poderá ficar abstrata, inclusive pode se tornar perigosa. É obvio que a gente precisa da colaboração das instituições. E a escola é uma instituição fundamental na desconstrução, principalmente quando é crítica, analítica, freireana. Enfim, quando essa escola está preocupada com a construção democrática, será um agente também da desconstrução dessas injustiças que são operadas nos ambientes domésticos, ou seja, na casa das pessoas”, afirmou a filósofa.
Já Glaucia Helena ponderou sobre como as políticas públicas podem favorecer o lugar das mulheres na sociedade com igualdade.
Tiburi elencou algumas situações, onde as mulheres são mais afetadas nas relações de trabalho. “A sobrecarga de trabalho das mulheres é uma constante cultural e universal. É infinitamente mais grave nas sociedades onde as desigualdades são a tônica. Os países mais atacados pelo neoliberalismo nas sociedades mais desiguais, as mulheres, sobretudo as negras, são vítimas das explorações de uma maneira extremada”.
A filósofa lembrou ainda sobre a importância da regulamentação da lei brasileira para reconhecer e assegurar os direitos das empregadas domésticas. “Teve o caso recente da pessoa que foi escravizada durante anos, porque no Brasil foi naturalizado o trabalho doméstico para as mulheres, em que as pessoas pagavam quando queriam”.
Feminicídio
Ao discorrer sobre o feminicídio, Tiburi defendeu que, para superá-lo, é necessário a implementação de programas culturais para sensibilizar, mobilizar e engajar pessoas na causa. “Sempre acredito que se a gente não fala, não discute, esses assuntos ficarão sempre na sombra. Nós precisamos falar sobre esses assuntos. A meu ver, nós precisamos salvar a vida das pessoas, seja de Covid-19, seja de feminicídio, seja do genocídio negro. A gente precisa salvar as pessoas da fome. A nossa ação como agentes públicos ou políticos é resgatar as pessoas das formas de violência”, ressaltou.
Participações
Ao encerrar o debate, Márcia Tiburi também cumprimentou a prefeita Marília Campos. “É uma alegria que as mulheres possam estar em cargos tão importantes. Para a gente é sempre uma vitória. Parabéns para vocês de Contagem”, felicitou.
O debate contou com a audiência de secretários municipais, educadores, estudantes e servidores da rede municipal de educação.
Formação
A diretora Glaucia Helena falou da formação, por meio de lives mensais, que ocorrerão até dezembro deste ano. “Estamos com essa proposta de levar mais articulação, discussão e debate para que possamos repensar a nossa prática pedagógica em todas as situações que envolvem a sociedade e a comunidade escolar”, afirmou.
A live foi gravada e está disponível no canal da Escola Municipal Eli Horta Costa no Youtube. Veja: Mulheres na pandemia. Um debate sobre a violência intrafamiliar - YouTube
