A Prefeitura de Contagem decretou, nesta segunda-feira (28/4), emergência em saúde pública, devido ao crescimento expressivo dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principalmente entre o público infantil. O anúncio foi feito pela prefeita Marília Campos durante visita ao Centro Materno Infantil (CMI). A medida permite a adoção imediata de ações emergenciais para ampliar o atendimento nas unidades de urgência e emergência da cidade e garantir assistência adequada à população, incluindo a contratação emergencial de profissionais, a aquisição rápida de insumos e medicamentos, e a ampliação da rede de atendimento, com foco nos serviços de urgência pediátrica.
Somente em abril, o CMI registrou 3.240 atendimentos por doenças respiratórias, número que representa um aumento superior a 54% em comparação com a média mensal dos meses anteriores, de aproximadamente 2.100 casos. Em março de 2025, o número já havia subido para 2.758. Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), a situação segue o mesmo padrão de aumento para a população infantil. O total de atendimentos pediátricos gerais nas UPAs Industrial, Vargem das Flores e Ressaca foi de 3.343 em janeiro, subindo para 3.748 em fevereiro. Em março, os atendimentos saltaram ainda mais, para 5.858 e, em abril, até o dia 26, já somavam 7.008, um crescimento superior a 100% no período.
Para garantir o atendimento, a Prefeitura de Contagem já adotou algumas providências. “No Centro Materno Infantil, tínhamos dez leitos de UTI; agora, estamos com 30. Além disso, estamos ampliando também os leitos de enfermaria, não só aqui, mas nas UPAs onde temos pediatria. Mesmo assim, ainda foi necessário decretar a emergência para facilitar a contratação de pessoal e a compra de insumos necessários, garantindo uma assistência de qualidade”, revelou a prefeita Marília Campos.
Ela ressaltou ainda que nesta época, em que crianças e idosos são muito afetados pelas doenças respiratórias, é fundamental que o setor de saúde esteja preparado para a alta demanda de casos. No entanto, ela pediu um pouco de paciência na espera. “Sabemos que o tempo de atendimento está grande, pois a gente tem que atender primeiro, fazer o acolhimento e depois garantir o processo dos cuidados. Porém, estamos ampliando a assistência para que o nosso usuário seja atendido com mais rapidez e com qualidade”, completou.
Além do aumento no número de atendimentos, chama atenção o tempo de permanência hospitalar e a gravidade dos casos. As crianças, especialmente aquelas com menos de dois anos, têm apresentado quadros mais severos, exigindo internações prolongadas.
Os dados evidenciam a pressão sobre os serviços de urgência e a necessidade de ampliar a capacidade de atendimento e o número de leitos de internação para tratamento intensivo e de enfermaria, uma vez que os casos de SRAG requerem acompanhamento clínico sistemático.
Contribuindo para a melhoria do atendimento à população, o secretário municipal de Saúde, Fabrício Simões, ressaltou a importância do decreto diante da situação crítica. “Com o crescimento acelerado dos casos de síndrome respiratória, analisamos juntamente com a prefeita a necessidade de agir rapidamente para garantir assistência adequada à nossa população”.
Bebês até 2 anos tem apresentado quadros mais severos exigindo internações prolongadas
Foto: Luci Sallum / PMC
Medidas já tomadas
Atualmente, o Centro Materno Infantil possui capacidade para 34 leitos de enfermaria pediátrica e dez leitos de UTI pediátrica. Para atender à demanda, no início de abril foram estruturados três novos leitos de enfermaria e 20 de UTI. No entanto, a taxa de ocupação dos leitos permanece em 100%.
Diante do crescente número de internações, a Secretaria Municipal de Saúde prevê a abertura de mais 20 leitos de enfermaria, a criação de um ambulatório de egressos para acompanhamento de crianças após a alta hospitalar e o reforço das ambulâncias de transporte avançado de pacientes para atendimento de urgências dentro da rede.
Outra ação em execução é a abertura do processo de contratação emergencial de profissionais da saúde para atuar no Centro Materno Infantil, contemplando médicos pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas.
O diretor-geral do Serviço Social Autônomo (SSA) de Contagem, Eduardo Penna, responsável pela gestão do Hospital Municipal, Centro Materno Infantil e UPAs, falou da importância de ampliar o quadro de trabalhadores. “O reforço de profissionais é fundamental para suportar o aumento da demanda e assegurar a qualidade do atendimento, especialmente nos momentos de maior sobrecarga hospitalar”.
A Prefeitura de Contagem reafirma o apelo à população para que, em casos leves, busque prioritariamente as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), de forma a evitar a sobrecarga nos pronto-atendimentos. A situação será reavaliada diariamente, e novas medidas poderão ser anunciadas conforme a evolução do cenário.
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