Ser deficiente, de uma família de baixa renda, nunca foi enpecilho para Agatha Vitória Guimarães Siqueira, uma menina de 17 anos, moradora do bairro Petrolândia, em Contagem. Atleta desde os 15 anos, ela - que possui uma má formação congênita na perna esquerda que impossibilitou o desenvolvimento do membro - , nunca viu, nisso, um motivo para se vitimizar. Pelo contrário, por meio de intensos treinos, que levam de uma hora e meia a duas horas, de segunda a sexta-feira, Agatha pôs em sua mente uma meta: disputar as Paraolimpíadas de Paris, que vão acontecer em 2024.
Os treinamentos são fortes e cansativos. Mas, nada que faça com que ela - que nasceu em Betim, mas desde criança mora em Contagem, cidade pela qual tem gratidão e sentimentos bons – desista de seus objetivos. O Centro de Treinamento Esportivo da UFMG - CTE UFMG, localizado em Belo Horizonte, virou sua segunda casa. É lá que ela busca seu desenvolvimento como atleta e se prepara para disputar as competições oficiais, que poderão lhe dar uma vaga nas paraolimpíadas.
Foto: arquivo pessoal
Em casa, no início, viu uma desconfiança por parte dos pais sobre a decisão de ser uma atleta. Contudo, pela insistência da jovem, hoje eles se tornaram os seus maiores incentivadores. E desde que passou a competir, Agatha não sabe o que é ser segundo lugar. Nas sete competições que disputou, em todas esteve no ponto mais alto do pódio.
Poetisa, desenhista e musicista, Agatha espera ser um espelho para outros jovens. “Acredito que eu possa ser uma inspiração para outros jovens com algum tipo de deficiência ou limitação. Sei que posso, através do meu esporte, da minha música, dos meus desenhos e poemas, mostrar que ser diferente ou ter algum tipo de limitação, não significa ser incapaz ou que não podemos sonhar. Quero mostrar que podemos conquistar tudo o que desejamos”, disse.
Agatha também destacou que “se temos fé em Deus, a família ao nosso lado e determinação, tudo é possível”. Para ela, o ser humano não pode entregar os pontos diante de obstáculos que venham a surgir na vida. “A deficiência ou limitação não podem dominar nossos sentimentos de coragem, garra e perseverança. É gratificante chegar e ver a recompensa do meu esforço, saber que todas as dores musculares são recompensadas com as medalhas, resultado de tudo isso. Tenho orgulho do caminho que estou trilhado, pois somente eu, minha família, meus técnicos, sabemos o quanto é difícil vencer cada etapa”, contou.
Foto: arquivo pessoal
Vencedora no dia a dia e nos campeonatos, Agatha é só otimismo. Perguntada sobre o seu sonho, ela não titubeou: “Paris é logo ali”, agradecendo aos treinadores Christopherson Dias e Gustavo Ramos. A mãe, “coruja”, não ficou atrás. “Ela é um orgulho para todos nós. Estamos juntas, apoiando para sermos uma base forte para que ela consiga alcançar seus objetivos”, disse a mãe, Daniela Guimarães.