Nascida em Patos de Minas, em 1970, Eugênia França escolheu Contagem para viver e trabalhar há muitos anos. É formada em artes plásticas pela Escola Guignard, e em serviço social pela PUC Minas. Em 2022, a artista foi uma das vencedoras do Prêmio Pipa Online, um dos principais de artes visuais no Brasil.
Ao longo de sua carreira participou de diversas exposições na galeria do BDMG Cultural, Museu de Arte de Blumenau - MAB, Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul - Marco e Pinacoteca de Maceió-AL. Esteve presente em mostras coletivas em Guarulhos (SP), Brasília (DF), Toronto (Canadá) e Casa Uma de Cultura, em Belo Horizonte. Ela também é autora do livro “Nós Outros e Eu Mesma: Transformar o barro em cerâmica expressiva para refletir sobre as relações humanas na sociedade contemporânea” (2016).
Eugênia França trabalha com desenhos, cerâmica e objetos, mas considera a pintura a sua linguagem principal. “Eu investigo as contradições e as ambiguidades humanas, sobretudo intolerâncias e violências relacionadas à desigualdade de forças e de gênero. Tudo isso é algo que se relaciona à minha outra ocupação, que é de assistente social. Vejo questões relacionadas à violência contra a mulher, abuso sexual infantil, abandono. Então é uma espécie de fusão de tudo que vejo, ouço, entendo e sinto”, destacou.
Ela contou que sempre teve uma curiosidade de pintar, estar nas artes plásticas e, foi em Contagem, que tudo começou. “Como assistente social, foi pedido que eu trabalhasse em uma oficina terapêutica com os pacientes e ali comecei a desenvolver atividades manuais. Conheci alguns outros trabalhos e isso acabou despertando um desejo, em 2003. Em 2010 entrei para a faculdade de artes plásticas, adorei o curso”.
Segundo a artista, o contato com uma realidade diária específica, acaba sendo um foco, um grito, um chamamento de atenção para as pessoas, por meio da arte. “Acho que como assistente social eu limito um trabalho que pode ser maior e que, pela arte, isso pode ser mais socializado. Fico incomodada quando vejo desigualdades. E a arte vem para expressar isso. A mulher não é objeto. É preciso dizer sobre isso, que muita gente fecha os olhos, mas que acontece, muitas vezes, dentro da própria casa”, relatou.
Vida em Contagem e exposição na cidade
Moradora da Regional Riacho, Eugênia França vai expor em Contagem pela primeira vez a partir do dia 12 de setembro, quando levará suas pinturas para a Casa da Cultura Nair Mendes Moreira – Museu Histórico de Contagem. Intitulada “Em nome das rosas”, a mostra traz a reflexão sobre a violência contra a mulher.
Eugênia França ressaltou a felicidade por mostrar parte de seu acervo na cidade onde mora. “Estou muito feliz por expor, pela primeira vez, nessa cidade que me acolheu e que adoro morar. Será um prazer ter meu trabalho exposto num local de tamanha importância e simbologia, como a Casa da Cultura”.
A arte de Eugênia, diferentemente de outros artistas, que preferem telas, é feita em lona de caminhão. “Eu busco a lona usada do caminhão, muitas vezes, com poeira, frisos, arranhões. Isso acaba sendo um pano de fundo para a temática que está, ali, sendo mostrada, que traz uma dor, uma realidade que precisamos falar. Conto com a presença de todos e todas na exposição”, convidou.
A Casa da Cultura Nair Mendes Moreira – Museu Histórico de Contagem (praça Vereador Josias Belém, 01 – Sede) fica aberta de segunda à sexta-feira, das 9h às 16h, gratuitamente, sem necessidade de agendamento.