A segurança pública é um fator relevante para a conformação de um bom ambiente de negócios e para atração de novos investimentos — e até mesmo para retenção de empresas já instaladas. Pois em Contagem a segurança é mais uma condição favorável para a consolidação de negócios que geram emprego e renda para a população. Levantamento feito pelo Observatório Socioeconômico de Contagem, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico-Sedecon, mostra, em série histórica, significativa redução dos índices de criminalidade. Os dados foram coletados do Armazém SIDS (repositório de informações e dados sobre defesa social) e da Delegacia de Crimes Contra a Vida-DCCV.
Para as empresas que têm feito prospecção para se instalarem em Contagem, dois indicadores de crimes contra o patrimônio são relevantes. Primeiro, o de roubo de cargas. Em 2015, essa modalidade chegou a registrar 118 ocorrências. No período compreendido entre os meses de janeiro a junho de 2021, foram 21 — o que soma uma redução de 82%. Parte desse resultado se explica pelo trabalho de desarticulação de quadrilhas especializadas pela Polícia Rodoviária Federal-PRF e pela Polícia Militar de Minas Gerais-PMMG, nos últimos três anos.
O segundo indicador refere-se aos roubos contra estabelecimentos comerciais, que também tiveram redução significativa. Em 2015, foram registradas 1.784 ocorrências. Nos últimos seis anos, a incidência desse tipo de roubo veio caindo, e registrou, em 2021, apenas 118 casos — registro igualmente anotado para os primeiros seis meses — o que totaliza uma redução de 93,38%.
A economista responsável pelo Observatório Socioeconômico, Alessandra Angelini, explicou que a segurança pública está intrinsecamente ligada à economia, pois a violência além de afugentar investimentos, afasta o consumidor, o que impacta diretamente no aumento dos custos de manutenção dos negócios. “Dessa forma, a redução geral dos índices de criminalidade propiciam um ambiente atrativo e favorável aos empreendimentos, ajudando na promoção do desenvolvimento econômico”.
René Vilela, secretário de Desenvolvimento Econômico, apontou que a tendência de queda de várias modalidades de crime que compõem o conjunto de dados do Observatório Socioeconômico são utilizados pela Sedecon para a atração de novos investimentos para o município. “Estas informações também subsidiam nossa mobilização do setor empresarial para a adoção de medidas complementares à política de segurança pública da cidade. Em 2022 essa será uma frente prioritária dos nossos trabalhos”.
Outros indicadores
Roubos a residência da mesma forma. Em 2015, foram registrados 181 casos. Esse ano, nos primeiros seis meses, foram registrados 26 casos desse tipo de violação — uma queda total de 85,63%.
Os assaltos aos ônibus coletivos também apresentaram queda significativa. Em 2015, foram registradas 493 ocorrências. Os dois anos subsequentes apresentaram um aumento considerável dessa modalidade de crime, anotando, em 2016, 819 Boletins de Ocorrência, e, em 2017, 825 registros. Já nos primeiros seis meses de 2021 foram apenas 35 registros. Comparativamente, o ano de 2020 anotou 94.
O roubo a pessoas que acontece em meio às vias públicas também reduziu. Em 2015, esse tipo de delito chegou a 6.535 registros. Em 2016, essa modalidade encontrou seu pico, com 7.129 boletins de ocorrências. Daí em diante, vem apresentando redução gradativa, registrando, entre os meses de janeiro e junho, deste ano, 595 casos. Assim, uma redução de 90% dos casos. Comparativamente, em 2020, foram totalizados 2.120.
O registro de furtos (compreendido como subtração de patrimônio de outra pessoa sem que haja violência) também apresentou queda para o ano de 2021. Entretanto, essa ação criminosa é a que apresenta maior oscilação em sua série histórica. Em 2012, foram contabilizados 10.598 ocorrências de furtos em Contagem. Em 2013, esse número sobe para 11.654; o ano de 2014 registra uma pequena redução desses casos, anotando 11.397, mas em 2015 cresce novamente, e totaliza 11.576.
O ano de 2016 marca o maior registro dessas ocorrências na série histórica, com um total de 12.821 casos. Em 2017 esse valor cai para 11.310; cresce novamente em 2018, com 11.922 casos, mas voltar a reduzir em 2019 ao patamar de 10.507 registros. 2020 confirma tendência de queda, registrando 8.615 casos e, em 2021, entre os meses de janeiro e junho, anota 4.294 incidências desse crime.
Crimes contra a vida
O número de vítimas por assassinato, entre os anos de 2012 e 2021, teve redução significativa. O ano de 2012 registra um total de 260 casos, chega ao seu pico em 2013, anotando 304 homicídios, mas segue decaindo até 2021, quando registrou nos seis primeiros meses do ano 43 ocorrências dessa natureza.
A violência contra a mulher, porém, ainda registra números elevados, com viés de crescimento em 2021. Em 2018, foram registrados 4.029 Boletins de Ocorrência de violência contra a mulher. Em 2019, um pequeno crescimento, anotando 4.384 casos. Em 2020, uma redução na comparação com 2019 (mas ainda pouco acima dos registros de 2018) e foram contabilizados 4.293 ocorrências de violência contra a mulher. Em 2021, entre os meses de janeiro e setembro, foram registradas 3.295 ocorrências.
Da mesma forma registros de feminicídios: em 2018 foram registrados 11 casos consumados, e outras 9 tentativas. Em 2019, o número de assassinatos de mulheres cai a um, mas anota 11 tentativas. Em 2020, entre os meses de janeiro e setembro, foram registrados dois assassinatos consumados e dez tentativas. Esse ano, no primeiro semestre foram dois homicídios efetivados e 10 tentativas.
Parte da explicação do aumento dos casos de violência contra a mulher se deu como consequência da pandemia do coronavírus, cujas medidas de distanciamento social e redução da circulação das pessoas fez com que as mulheres ficassem mais tempo em casa com seus agressores.
O Relatório Violência Doméstica durante a Pandemia de Covid-19, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), registrou um crescimento de 22% dos casos de feminicídio, entre os meses de março e abril, na comparação com o mesmo período de 2019. O levantamento foi feito em 12 estados brasileiros.
Paralelamente, o levantamento também apontou redução no registro de Boletins de Ocorrência desse tipo de violência. Ou seja, durante esse período, em que as mulheres estiveram mais expostas e vulneráveis a esse tipo de agressão, elas também tiveram maiores dificuldades de formalizar a queixa contra seus agressores.