Nos dias 13 e 14/12 foi realizado, na Escola Antonio Carlos Lemos, bairro Eldorado, o Festival da Arte Capoeira Inclusiva. Na sexta-feira (13), aconteceu uma roda de conversa sobre Capoeira Inclusiva “Módulo Capoeirautista” e um curso na perspectiva da intervenção da capoeira para a pessoa com Transtorno Especto Autista (TEA). O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Marcelo Lino, e profissionais da área de Educação Física de diversos lugares, como Mato Grosso do Sul, Itaúna, Belo Horizonte, Porteirinha e Serranópolis de Minas estiveram presentes. No sábado, segundo dia de evento, os estudantes participaram da cerimônia de troca de cordas.
O secretário Marcelo Lino falou sobre a importância da Escola na cidade de Contagem. “Aqui é um espaço de discussão, de fomento, construção, laboratório, execução de políticas e propostas que possam transformar a vida das pessoas com deficiência. A pesquisa, extensão e o diálogo com a sociedade levam a pauta da pessoa com deficiência nas suas mais diversas possibilidades e das suas interdisciplinaridades para a sociedade. A capoeira, historicamente, sempre foi um instrumento de resistência e construção de identidade das nossas raízes e origens, e tê-la como possibilidade de inclusão da pessoa com deficiência é algo importante que temos feito”, disse.
De acordo com a diretora da Escola Antônio Carlos Lemos, Sebastiana Rangel, é necessário a adaptação de ambientes e atividades que atendam as demandas de todas as pessoas, oportunizando, com isso, que os deficientes também tenham acesso à prática de uma atividade física. “Através da capoeira tenho visto aqui na escola, no decorrer dos anos, o desenvolvimento das pessoas com deficiência atendidas aqui. A capoeira desenvolve muito a parte motora e intelectual de aprendizagem, e isso é muito importante”, afirmou.
Uma das idealizadoras do Festival, Regiane Célia, conhecida como instrutora Russa, alega que a capoeira inclusiva possibilita a pessoa com deficiência à prática da atividade a esse público que vem sendo incluído de forma intensa ao meio social, dando direitos e deveres como cidadão. “A capoeira vem difundindo essa importância com o intuito de mostrar o potencial e capacidade que os deficientes adquirem e, ao mesmo tempo, valorizar o trabalho da capoeira e seus benefícios. É uma atividade que auxilia e propõe atendimento a diversas deficiências obtendo resultados quantitativos e qualificativos na vida do praticante, promovendo saúde na vida, sendo isso um direito de todos”.
O professor de Educação Física e assessor de Inclusão de Contagem, Calazans Júnior da Silva, afirma que precisamos evoluir muito ainda na questão da capoeira nas aulas de educação física. “Poder estar aqui hoje e participar dessa roda de conversa com tantas pessoas que entendem bem esse assunto, pra mim é muito gratificante. A capoeira é um meio que podemos sim incluir a pessoa com deficiência. Percebo que os professores de educação física têm mudado e repensados suas praticas e tem entendido a importância do estudante com deficiência dentro da escola”, comenta.
“É importante destacar como se dá o TEA, os primeiros sinais e sintomas, características e comportamentos de tais indivíduos para que, de forma contextualizada, o profissional de capoeira possa oferecer, respeitosamente, uma interação que vá de encontro com as condições interventivas relevantes para o desenvolvimento bioneuropsicomotor e inclusão. Isso ocorre em uma relação onde o atendido, família e sociedade formem um tripé de sustentabilidade e construção, de maneira que todos os envolvidos sejam beneficiados no processo inclusivo”, disse o Professor Josimar Araújo, conhecido como Professor Vermelho.
Quem também compôs a mesa foi o professor da Apae da cidade de Porteirinha/MG, Max Fábio Campos, conhecido como Professor Hungo, que compartilhou sobre esse trabalho desde a adolescência. “A sociedade questionava como uma pessoa com deficiência ia jogar capoeira e, vendo isso, sempre presenciando a vivencia do meu professor, vi uma possibilidade de entender mais sobre a capoeira e esse trabalho com as pessoas com deficiência. Na época, ainda adolescente, fui compreendendo as ações de trabalho. Conseguimos enfrentar barreiras, superá-las e mostrar a todos que a capoeira tem alta efetividade no trabalho na área da deficiência”, opinou.
O professor de Educação Física e capoeira da Apae da cidade de Itauna/MG, Denis Soares, conhecido como Professor Filhote, também deu seu depoimento. “Nós avaliamos como é cada pessoa antes e depois de começarem a jogar capoeira. Às vezes chamamos as famílias para descobrirmos mais sobre isso. É interessante identificarmos o que esta sendo proveitoso e o que a pessoa esta levando para a sua vida quando iniciou a jogar capoeira. Temos muitas histórias pra escrever e mostrar o quanto a capoeira é transformadora na vida das pessoas”, disse.