A Comunidade dos Arturos celebra os 10 anos de seu reconhecimento como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais. Para marcar a data, será realizado um grande encontro nos dias 22 e 23 de novembro de 2024, na sede da comunidade. O seminário “Arturos: 10 anos de Reconhecimento de um Patrimônio Quilombola que Resiste” tem realização da Comunidade dos Arturos, da APPA (Cultura & Patrimônio), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e da Prefeitura de Contagem.
Durante a solenidade, ocorrerá a posse dos novos membros do Comitê Gestor da Salvaguarda da Comunidade dos Arturos, que foi instituído neste mês pela Instrução Normativa 01/2024 do IEPHA-MG, visando o fortalecimento e articulação das ações de salvaguarda da comunidade, por meio da união de órgão estatais e civis que são apoiadores dos Arturos.
João Carlos Pio de Souza, da Comunidade dos Arturos, reforça que o reconhecimento da comunidade quilombola dos Arturos como patrimônio cultural e material é de extrema importância, pois contribui para a promoção de direitos fundamentais, especialmente o direito à cultura e à memória. “Esse reconhecimento valoriza o patrimônio cultural vivo da comunidade, essencial para a perpetuação de sua história em todos os seus aspectos. Ele ressalta a necessidade de preservar, garantir e manter essa memória, assegurando que as gerações futuras possam continuar a vivenciá-la e transmiti-la”, atesta João Carlos Pio.
O presidente do IEPHA-MG, João Paulo Martins, destaca que o seminário é um marco, não só pelos seus 10 anos de reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, mas pela implementação do Comitê de Salvaguarda dos Arturos, que é o primeiro comitê de salvaguarda de um bem registrado em Minas Gerais. “Nada mais simbólico ser a Comunidade dos Arturos, tão importante para a nossa história e cultura mineiras. Uma história da riqueza cultural do patrimônio afro-mineiro. O Comitê de Salvaguarda denota que, além do reconhecimento do patrimônio cultural, o registro é uma política pública de preservação e manutenção das nossas tradições”, afirma João Paulo Martins.
Para a superintendente de Políticas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de Contagem, Aniele Leão, o seminário dos Arturos ‘Patrimônio Quilombola que Resiste – 10 anos de Reconhecimento’ é um momento de celebração, reflexão e inspiração que transcende a Comunidade e inspira outras pessoas e instituições a se organizarem e lutarem por reconhecimento e direitos.
“O seminário destaca o papel fundamental da Comunidade dos Arturos na manutenção das tradições, saberes e conhecimentos ancestrais que não apenas contam a história de Contagem, mas também resgatam e valorizam a memória de Minas Gerais e do Brasil”, aponta a superintendente.
Os Arturos são um exemplo vivo de força e união. A Prefeitura de Contagem viabiliza diferentes parcerias com os Arturos, buscando colaborar com a preservação de suas tradições e acolher as demandas indicadas pela comunidade.
A realização do seminário irá promover um importante espaço de diálogo sobre o reconhecimento e valorização de outros patrimônios culturais em Contagem, Minas Gerais e no Brasil. É uma ocasião para reafirmar a importância das comunidades tradicionais na construção da identidade nacional e no fortalecimento da diversidade cultural brasileira.
Comunidade dos Arturos
A Comunidade dos Arturos é um símbolo de resistência e preservação cultural dos povos de matriz africana e afro-mineiros. Composta pela sexta geração de descendentes dos povos africanos que habitam a região, filhos de Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva, a comunidade tem mais de 130 anos de história. Sua formação remonta ao ano de 1885, quando os primeiros quilombolas se estabeleceram no território que viria a ser o município de Contagem.
Em 2014, a comunidade foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Minas e do município de Contagem, por meio de esforços conjuntos e do desenvolvimento de um Dossiê de Registro que reconhece a comunidade tradicional por meio de seus saberes e manutenção de diversos bens culturais, ritos e tradições herdadas pelos primeiros membros de sua formação. Este foi o primeiro registro de patrimônio cultural imaterial de uma comunidade tradicional na categoria de lugares feito por Minas Gerais, e possivelmente um dos primeiros registros de uma comunidade quilombola como patrimônio cultural realizado no Brasil.
Em 2024, 10 anos depois do reconhecimento, as mesmas instituições estão construindo um processo de revalidação desse registro, que visa renovar o título concedido à comunidade e sua política de salvaguarda, e o seminário é uma das principais ações desse processo.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Sexta-feira (22/11/2024)
18h - Recepção
18h30 - Apresentação com o Grupo Afro-Brasileiro Arturos Filhos de Zambi
19h - Solenidade de Abertura e posse dos membros do Comitê Gestor da Salvaguarda da Comunidade do Arturos
20h - Sessão Comentada do “Documentário Registro Bem Imaterial - Comunidade dos Arturos - Iepha/MG” (1h18’29’’ | Ano 2014).
Participantes: Mestre Bengala (Arturos), Nayara Veloso (Arturos), Paulo Rocha (Diretor do Filme) Mediação: Gabrielle Vaz (Prefeitura de Contagem)
22h0- Encerramento
Sábado (23/11/2024)
09h - Café Quilombola
09h30 - Abertura com apresentação da Guarda de Congo Mirim
10h - Oficina de Educação para o Patrimônio: Inventários Culturais Participativos para as crianças dos Arturos Facilitadores: Ana Paula Trindade (IEPHA-MG), Ana Carolina Ministério (IEPHA-MG), Patrícia Faria (Prefeitura de Contagem), Maria Goreth Herédia Luz (Arturos)
10h - Roda de Conversa "Arturos: Patrimônio Quilombola que Resiste, 10 anos de Reconhecimento" Mediação: João Pio (Arturos)
13h30 - Encerramento com Gabrielle Henrique e Goreth Luz SERVIÇO: Evento: Seminário “Arturos: 10 anos de Reconhecimento de um Patrimônio Quilombola que Resiste”
Serviço - Seminário “Arturos: 10 anos de Reconhecimento de um Patrimônio Quilombola que Resiste”
Datas: 22 e 23 de novembro de 2024
Local: Sede da Comunidade dos Arturos – Bairro Vera Cruz, Contagem – MG