Em Contagem, centenas de mulheres aguardavam na fila para se submeterem a cirurgias ginecológicas. Para atender a essa demanda, foi montada uma sala exclusiva no Bloco do Centro Materno Infantil -CMI, em funcionamento desde o dia 1° de setembro. Um balanço parcial mostra que as cirurgias ginecológicas mais demandadas são laqueadura tubária (ligadura de trompa), seguida de histerectomia (retirada do útero).
A autônoma Adriana Marques da Silva, 43 anos, casada, mãe de três filhos, moradora do bairro Jardim Laguna, estava na fila desde 2018. Na última sexta-feira (9/9) foi operada, se recuperou bem e teve alta na tarde do mesmo dia. “No dia 2 de setembro me comunicaram que eu seria operada. Foi uma surpresa e uma alegria. Com a cirurgia fiquei livre das dores provocadas por um pólipo no colo do útero. Agora é vida nova!”
Pandemia e má gestão
A diretora do Centro Materno Infantil - CMI de Contagem, Cristiane Rosalina de Oliveira, afirma que além da pandemia, outra fator que levou à suspensão das cirurgias ginecológicas foi a precariedade da gestão feita pelo Instituto de Gestão Humanitária - IGH. “Decisão da Junta Interventora levou à montagem de uma sala destinada a essa especialidade dentro do Bloco Obstétrico, iniciativa que foi decisiva para a retomada e otimização das cirurgias. Antes, as cirurgias ginecológicas concorriam com outras especialidades no Bloco Cirúrgico do Hospital Municipal de Contagem. Havia agendas para ginecologia apenas duas vezes por semana. As decisões tomadas pela Junta Interventora possibilitaram a realização diária de cirurgias”, assegura a diretora.
Wilton Braga, diretor clínico do Centro Materno Infantil, também comemora a redução da fila e concorda que a intervenção no Complexo Hospitalar de Contagem foi determinante para que as mulheres voltassem a ter acesso às cirurgias ginecológicas, até então uma das maiores filas quando se tratava de especialidades. “Agora, as condições de trabalho são muito melhores. Além da sala no Bloco Cirúrgico, o salário dos médicos está praticamente regularizado, os suprimentos e medicamentos foram repostos e os equipamentos estão em condições de uso”.
Intervenção
Em novembro, com o encerramento do contrato com o IGH, deverá ser adotado um novo modelo de gestão no Complexo Hospitalar de Contagem. A transição para esse novo modelo está sendo feita por uma Junta Interventora criada por decreto municipal em junho deste ano.
Em pouco mais de três meses a Junta Interventora já pagou a maior parte do que devia aos mais de 700 médicos, negociou com 80% dos fornecedores, repôs suprimentos e medicamentos, comprou e está fazendo manutenção de equipamentos estratégicos, além de reformar as instalações e adquirir novos mobiliários.
Tipos de cirurgias
Na Histerectomia faz-se a retirada do útero, que pode ser total (quando também se retira o colo do útero) ou subtotal (quando se preserva o colo do útero). Alguns casos de câncer também exigem a Histerectomia radical. Nesse caso, é retirada parte dos ligamentos e do tecido vaginal que recobre o útero. Além do tratamento do câncer, essa cirurgia é recomendado para o tratamento de diversas outras patologias uterinas, como miomas, adenomiose, pólipos, endometriose e sangramento uterino anormal.
Também conhecida como ligadura tubária ou de trompas, a laqueadura é um procedimento voluntário de esterilização definitiva da mulher. Trata-se de uma cirurgia simples, realizada por ginecologistas, que promove a obstrução das tubas uterinas, impedindo o processo de fecundação.