Atuantes e engajadas, moradoras da região do Petrolândia que fazem parte do Projeto Mulheres da Paz tiveram a oportunidade, pela primeira vez neste ano, de se conhecerem pessoalmente e de trocarem informações sobre a capacitação que, atualmente, acontece no formato on-line. A reunião ocorreu na Escola Municipal Senador José Alencar, no bairro Sapucaias II, e contou também com as presenças da subsecretária de Prevenção e Segurança, Daniela Tiffany, do superintendente de Prevenção à Violência, Antônio Nunes, da assistente social que acompanha a execução do projeto, Mônica Alves, e de representantes da Administração Regional Petrolândia.
O projeto Mulheres da Paz teve início em 2019 por meio de uma parceria entre o município e o Ministério da Justiça. Em 2020, em razão da pandemia, foi necessário paralisá-lo e adequá-lo. Em 2021, ele foi reativado, mas em outronovo formato: o virtual, para que as aulas e os encontros pudessem ser mantidos.
Em linhas gerais, o projeto busca capacitar mulheres atuantes na comunidade para que incentivem o empoderamento feminino e para que se tornem articuladoras sociais. Ele é formado por mulheres da própria comunidade, que participam de curso de formação, em temas como gênero e direitos da mulher, direitos humanos e cidadania, violências, fatores de risco e protetivos, para agirem como multiplicadoras, tendo como incumbência prevenir a violência contra as mulheres e os jovens, envolvidos na criminalidade e com drogas.
Essas mulheres atuam na mobilização social, mantendo a interlocução e encaminhando mulheres e jovens em situação de vulnerabilidade para que sejam atendidos pelos serviços públicos e por projetos de formação e capacitação. Atualmente, o projeto é desenvolvido somente na regional Petrolândia.
De acordo com a subsecretária de Prevenção e Segurança, o programa deve ser concluído no final deste ano, conforme cronograma do governo federal. “Infelizmente, fomos informados que o Mulheres da Paz não faz mais parte da cartela de projetos do Ministério da Justiça e que a capacitação será encerrada entre novembro e dezembro deste ano. Contudo, estamos buscando recursos e parceiros para que o projeto e o trabalho resultante dele permaneça e continue a produzir e colher bons frutos. A ideia é que possamos ter pelo menos uma turma em cada região até 2024”, informou Tiffany.
Para a auxiliar de logística, Joyce Nascimento da Silva, a capacitação ampliou seu conhecimento em relação a direitos e deveres. “É um projeto que ajuda mulheres e famílias, que alcança idosos e jovens. Levamos informações sobre serviços públicos que podem ser acessados pela comunidade e acolhemos quem precisa e está passando por um problema. Estou gostando muito e espero que não pare”, relatou a auxiliar e integrante do Mulheres da Paz.
A esteticista Ana Paula Assis de Oliveira também acha que o projeto fortalece as mulheres e a comunidade. “Ele une pessoas e as incentiva a cuidar do próximo, a buscar um caminho e um futuro melhor, que não o da criminalidade. Tenho aprendido bastante com as aulas virtuais e espero poder contribuir com ações práticas e coletivas, assim que a pandemia deixar”.
Ao final do encontro, a subsecretária fez questão de ressaltar que, independentemente da continuidade ou não do projeto, a semente está plantada. “A ideia é que vocês multipliquem o que estão aprendendo e vivenciando ”, disse. Para ela, quando o governo federal criou esse programa, em 2007, ele já compreendia que as mulheres tinham um papel essencial na implementação de uma segurança pública cidadã. “Certamente, o objetivo foi o de potencializar a ação que vocês já exercem dentro da comunidade. Na prática são vocês que estão lá, fazendo mediação de conflito, acolhendo idosos, crianças e jovens, e convivendo com as diversas situações de violência. São vocês que salvam vidas em territórios. Então, o que a Política de Segurança fez foi olhar para essa potência e capacitá-la, procurando disseminar uma cultura de paz. Agora, cabe a nós buscarmos meios para que esse trabalho continue e para que possamos sensibilizar um número cada vez maior de pessoas”, finalizou.
PROTEJO
Além do Mulheres da Paz, o convênio firmado estabeleceu também a realização do Projeto Proteção de Jovens em Território Vulnerável – Protejo. Sendo assim, o convênio atende dois públicos prioritários: mulheres e jovens.
O Protejo tem como objetivo geral identificar, acolher e acompanhar jovens entre 15 e 24 anos, em situação de risco, vulnerabilidade social ou exposição a violências, como egressos do sistema prisional, cumpridores de medidas socioeducativas, em situação de rua, ou moradores de aglomerados urbanos com altos índices de homicídios e crimes violentos, por meio de um percurso sócio formativo, com vistas à reconfiguração de suas trajetórias de vida.
Nesse contexto, as integrantes do Mulheres da Paz são aliadas na identificação e no resgate destes jovens. Conforme convênio, os projetos foram estruturados para atender cerca de 50 mulheres e 75 jovens.