A comunidade Quilombola dos Arturos foi destaque em evento promovido pela "Companhia DUAL Cena Contemporânea" em São Paulo. Representantes da comunidade que tem relevância histórica e cultural em Minas Gerais e no país, fizeram a abertura do Curso História Prática da Dança no Brasil e ministraram uma oficina de ritmos, cantos e danças do congado mineiro. No evento, realizado entre os dias 22 a 26 deste mês, foram apresentadas nove danças de várias culturas do Brasil, que traçaram caminhos para uma compreensão da história do país.
O coordenador da companhia DUAL cena contemporânea, Ivan Bernardelli, disse que a comunicação entre culturas no Brasil há séculos é um marco e destacou a atuação dos integrantes da Comunidade dos Arturos. “Tive uma emoção muito grande em poder ter a Comunidade dos Arturos presente no nosso curso. A ideia de abrir o evento com o congado mineiro foi por tudo aquilo que ele representa na articulação entre sagrado e profano, na variação musical e de dança que o congado nos apresenta e no poder da ancestralidade que está no ressoar de cada caixa, gunga, patangome e nos cantos”, disse o coordenador, para quem a participação dos Arturos no evento foi “a realização de um sonho.
De acordo com o Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Marcelo Lino, a comunidade é motivo de orgulho para Contagem. “A comunidade tem como marca, desde o seu início, a resistência contra o racismo e o preconceito. É gratificante ver a história e a cultura do nosso povo contagense sendo divulgada em outros estados, principalmente para pessoas da educação, pois atuam como multiplicadores”, afirmou.
O Superintendente de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e capitão da Comunidade dos Arturos, Jorge Antônio dos Santos, resumiu a participação no evento. “Por meio da oficina passamos para as pessoas o resumo histórico da Comunidade dos Arturos e uma narrativa de todo o significado de tudo que acontece nas festividades de congado. Apresentamos os ritmos, os cantos e as danças e explicamos o significado de cada um deles”, conta.
Santos analisou a importância da presença dos Arturos no evento. “É uma maneira de divulgar a implementação da Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, uma vez que essa oficina foi fornecida para pessoas da área da educação”, avaliou.
O capitão de Moçambique e mestre aprendiz, Thiago Antônio Silva dos Santos, da Comunidade dos Arturos, promoveu a oficina. “Cada vez que saímos do nosso estado para levar um pouco da nossa cultura para outro estado, aumenta nossa experiência, além de ser muito bom contribuir para que os outros saibam um pouco da nossa tradição. Aprendi muito nessa participação em São Paulo, pois estavam presentes pessoas de outras culturas”, avaliou.
