O “Jardim de Chuva”, projeto que tem a finalidade de absorver e reter água das precipitações e que ajuda a não alagar o solo, começou a ser construído na praça Tancredo Neves, no bairro Camilo Alves, na Sede. O projeto é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Contagem e o ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade - América do Sul, firmada em maio deste ano.
A ideia é que os Jardins de Chuva contribuam para a captação descentralizada de águas pluviais, criando espaços de infiltração de água no solo, promovendo auxílio na recarga do lençol freático, o aumento da biodiversidade, a melhoria da qualidade do ar pelo plantio de espécies arbóreas e arbustivas e, consequentemente, sendo, também, um aliado no combate ao alagamento de áreas em Contagem. Este jardim é o primeiro a ser construído na cidade e será testado como projeto-piloto.
Na avaliação da geóloga Walkyria Castilho, trata-se de um teste válido, principalmente pelos benefícios ao Meio Ambiente que pode causar. “Os critérios para a seleção de plantas (forrações e arbustos) contemplaram análises de resistência a períodos de seca e cheia, além de serem espécies atrativas à polinizadores. Também foram previstos abrigos de fauna para espécies polinizadoras nativas. Junto a isso, uma série de estudos foi feita para que o projeto fosse elaborado, já que não há um conceito padrão para a formatação do Jardim de Chuva, que depende do solo, da inclinação do terreno e outras especificidades para que o resultado, ao seu final, seja satisfatório”, comenta.
No caso deste projeto-piloto, o local foi escolhido devido aos alagamentos constantes nos arredores. Para tanto, uma área de 148m² está sendo modificada desde sua fundação, com cuidados com a parte elétrica e hidráulica que passam no local. “São 1,20m de profundidade em que a primeira camada é feita de materiais recicláveis, depois vem brita, areia, terra reposta e terra adubada. Acima disso haverá o plantio de 4.300 mudas”, destaca o engenheiro Ricardo Corazza, proprietário da empresa Piso Verde, que executa a obra.
A previsão é que o “Jardim de Chuva” fique pronto em outubro, segundo as previsões do projeto. “Há etapas a serem cumpridas, desde a fundação ao plantio do jardim. Há o processo de escavamento, que se iniciou nesta segunda-feira (13/9) e deve durar cerca de dez dias, pois são averiguadas diversas situações, como a avaliação dos níveis de cada camada para que o jardim não seja apenas um embelezamento, mas tenha a sua função cumprida, até servindo para projetos futuros, que tantas cidades pelo mundo já possuem”, completa do engenheiro.
Parte da matéria vegetal e do movimento de terra resultante será mantido no local, para posterior mistura com areia e adubo para a composição do substrato de plantio. Foi selecionada uma variedade de espécies dos biomas Cerrado e Mata Atlântica, que serão capazes de suportar condições de alagamento temporário e, também, estiagem prolongada.
Sobre o projeto
O projeto tem como pano de fundo o conceito de sustentabilidade, qualidade do ar, preservação do meio ambiente nos espaços públicos e teste de diminuição de alagamentos em áreas ao entorno do jardim. A proposta é que o modelo dos Jardins de Chuva seja replicado em outros espaços públicos como praças e parques, por exemplo, sendo uma possível solução para aumentar a hipermeabilidade do solo, a biodiversidade, a melhoria da qualidade do ar nos centros urbanos e uma diminuição no caos devido às chuvas que ocorrem, principalmente, no final do ano.
As espécies vegetais plantadas atraem animais da fauna local que atuam como polinizadores e controle ecológico de pragas. Insetos como joaninhas, tesourinhas, borboletas, crisopas, abelhas e vespas solitárias necessitam de abrigo para viverem perto do jardim. Gravetos, restos de madeira, folhas e outros elementos naturais podem ser reunidos para criarem um abrigo do sol, chuva e vento.